domingo, 27 de fevereiro de 2011

Era para maio


Pensar que ontem éramos filhos dos nossos pais, hoje somos do mundo, e o mundo não cuida de nós.  Ela me disse que eu seria o orgulho dos seus olhos e brincou comigo, e brinca todas as vezes que me liga. Ela é minha inspiração, por quem escrevo cartas e por quem choro no dia vinte e um.
O mês de outubro é tão bonito pra mim, ela é a minha luz, ela acende a vela pra mim. Me disse que eu não fosse tão do mundo, porque ele não iria cuidar de mim como ela faz. O mundo ia me mudar pra ela.
E reza nos meus dias de atraso, reza quando entro em casa cedo, sempre reza por mim. Briga comigo, chora comigo, ela mataria por mim, ela minha e eu tão dela. Sua dor é ter que me dividir com o mundo e as coisas que ele me faz.
Sua dor maior é por um instante me perder, deixar que fuja, deixar que eu minta, deixar-me partir ainda que por poucos dias.
Sem perceber sou mais do mundo, mas sempre fujo para os braços dela, porque a conheci primeiro, por que ela é o meu amor.


Tainná Vieira

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

No escuro tudo brilha




No escuro as luzes brilham mais.

É quando a gente acha que tudo some, mas no escuro, tudo brilha.
Andar a pé no caminho escuro, é isto que a menina sempre faz.
Quando vê a luz sabe a direção, mas bate entre os móveis as vezes.

No escuro as luzes dançam, correm e brilham mais e mais.

É quando morre o dia,  os vagalumes dançam a dois, e os vagabundos dançam a mais.
No andar as construções, no falar só o barulho dos carros, no ouvir a música, no olhar as luzes.
Quantas vezes terei de repetir que brilham ainda mais se não tem luz?
Não foi eu, foi a menina quem disse, ela nasceu no escuro, e consegue enxergar o mínimo de luz.
Essa maluca vê no escuro, e dizem que as luzes brilham mais.

No escuro... elas dançam, correm, brilham, no escuro elas parecem flores, e nas flores a menina ver amor, por isso no escuro ela ama mais.
No escuro há mais amor, então porquê falam de trevas? se é no escuro que elas "as luzes" brilham mais.


Tainná Vieira

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Estampa de rosto


Escrevo por vezes só pra falar de você.
Das flores murchas que eu guardo em tua homenagem.
Do bater forte de sobrancelhas que você me faz sentir.
anoto as suas faltas, e classifico teus defeitos.

Eu por muitas vezes, nem falo tudo que eu sinto.
Não conto do palpitar das minhas pernas.
Nem se quer do brilho no coração.
Falo pouco de você, ressalto apenas os beijos no ouvido.

E esse sentimento é toda falta de sentido.
Aquilo que não se explica mais, que de tão grande se perdeu.
E apesar de perdido, te encontro tão forte nos meus lábios.
E o não fazer sentido, é tão óbvio.

Escrevo pra que você tente entender.
Por que sinceramente, nem eu entendo,
O sentimento que é meu, nem eu sei como definir.
Mas posso dizer que é muita coisa, numa só.
E talvez você já saiba.



Tainná Vieira

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Não sou eu.



Entendê-la é mais fácil que muitos pensam.
Mas sempre nos quadros a pintam chata e complicada, apesar de bela.
Seus atos são sempre comedidos, mas parecem ser tão espontâneos.
A pintam sempre com o mesmo olhar sério, mas as vezes esse olhar brilha tão intensamente, pena ninguém ver.
E fazem-se os planos para o seu futuro, diz-se o que ela será, nem ela sabe meu Deus.
Porque pinta-la sempre com um só vestido, ela tem um florido também.
E quando escrevem sobre ela, são poemas tristes, sem vida ou brilho.
Ela é tão simples, porque simplesmente não aceitam as suas esquisitices, ela tão simples.
Porque a chamam de depressiva, porque a pintam chorando.
Ela não chora.
Porque não a pintam dormindo, em sua maior sinceridade.
Chorando ela não fica bonita e estraga seu rosto pintado.
Porque não pintar seu sorriso, o corar das suas bochechas.
A querem tão perto e tão longe, a querem?
Entendê-la é fácil demais. 
O que dificulta é ela não se abrir pra ninguém, não contar seus segredos.
Não ligar para os outros, não olhar para trás, não dar uma chance.
Isso dificulta tanto o seu entendimento.
Mas deixem que talvez ela muda, talvez ela continue assim (o que é mais provável).
Parem de pintar essa menina, vocês nem a conhecem e já tem tantas suposições de quem ela 
verdadeiramente é.
Se não conseguem entendê-la, deixem-a assim, desse jeito está bem.
Ela na dela, quieta.
Mas aviso desde de já, faça o que quiser. 
Ela não liga.

Tainná Vieira


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

La valse


Ando ouvindo música francesa. Uma leve música bailante.
Vibra em mim o suave toque do piano. Vibra este som, que me embriaga cada vez que fecho os olhos.
Ando lendo mais, por estes dias. Escrevendo versos soltos que refletem os ventos que tocam meu rosto cada vez que fecho os olhos.
Reina a paz agora em mim.
E não preciso mais colocar a música que tanto me traz calma , ela ressoa em mim cada vez que sinto a brisa e lentamente fecho os olhos.
Ando a procura do que não perder. Perdendo vez em quando algo que já nem me faz sentido.
Ando nas músicas encontrando meus sorrisos, meus amigos estão nas músicas e dançam junto comigo.
E cada vez que eu fecho os olhos, sinto que ele pega em minha mão, que me tira pra dançar.
E nas músicas ele dança comigo, e beija-me apaixonadamente.
Eu ando na rua e vejo os sorrisos que cruzam os meus, sorrisos tristes e felizes.
E nas músicas as bocas beijam-se, os corpos amam-se, os olhares se perdem.
Nessas músicas que tanto ouço ultimamente.
Não entendo alguns sorrisos, e não decifro um olhar ou outro.
Mas sinto-me bem, cada vez que ouço as músicas, os intrumentos numa harmonia eterna.
É uma leve música bailante, que se perde em mim cada vez que eu fecho os olhos.

Tainná Vieira