quarta-feira, 27 de outubro de 2010

De Mudança.





Foram as melhores noites de insônia.
As melhores despedidas, os melhores "adeus''!


Desses dias que eu passei junto a você, o que levo é alegria das nossas magoas, dos nossos recentimentos.
O que levo é você comigo, cada vez que me sinto solitária.
Levo teu jeito, teu cheiro, tuas palavras amargas de amor.
Levo a solidão e angústia das nossas lágrimas perdidas.
Levo meu medo, e pego carona na tua firmeza pra ver se chego naquele lugar... onde costumavamos planejar o mundo.
E o meu apego parece mais um grito de desespero que ecoa como vozes num vulcão.
Mas quando eu fico de bruços sobre minha janela... sempre penso que você vem, sempre enxergo aquela camisa azul que você gostava tanto. E o jeito como você balançava o seu cabelo.
Faz tanta falta pra mim... que agora me vejo entre tantos livros.
Descobrindo um mundo novo, onde nosso amor não cabe.
Não te vejo nas minhas letras de música, nem nos meus poemas românticos.
Não te vejo no francês que teimo em aprender. Nem no espanhol mal falado.
Na minha nova cultura, você não está. Nessas rodas de conversa sobre música barroca, ou sobre política boba, ou sobre os meus novos vicios.
E te sinto somente nas horas vagas, quanto fico na janela debruçada a tua espera, sem você nunca chegar!

Foram os melhores desejos...
Naquele lugar que hoje deve ter novos amantes, novos gostos, novos cheiros.
Novas mágoas, novas brigas... novas promessas de amor.
Não é mais a nossa casa, nossa mobília empoeirada, não é mais nosso jardim, daquelas flores tão murchas que exalavam um perfume, de nostalgia e de flor.

Nosso lugar preferido, onde faziamos as pazes.
Perdeu-se, na frágil monotomia dos versos que ninguém ler mais.
Não se ouvem mais as músicas, nem as festas na fogueira, nem as nossas gargalhadas e os suspiros de amor.
Perdeu-se junto com os livros que agora ninguém ler mais e nos poemas românticos que eu não vejo mais você.




Tainná Vieira