quinta-feira, 23 de junho de 2011

Ensemble, nous allons



Nas novas andanças...
Nos céus claros...
Nas ruas molhadas...
Nas flores da estrada.

Eu + você em tudo isto.

Nas tempestades.
Parados em um barco.
Na chuva do fim de tarde.
No café frio e sem sabor.

Eu + você + nossa dor em tudo isto.

Na nossa lágrima.
No não saber explicar nosso choro.
No lá lá lá, no blá blá blá.
Na canção.

Eu + você + mas toda nossa força em tudo isso.

No meu, no teu, naquilo, nisto.
Na varanda deitados na rede.
Na vida. No tempo. Na noite.
Na falta de descanso.

Eu + você + nosso amor em tudo isso.



Tainná Vieira

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Carta


Campo dos iluminados, 22 de junho de 2011.

Primeiramente quero dizer que aqui, na sala de estar, tem uma grande poltrona, uma lareira e um gato no tapete verde claro. Nas estantes repletas de livros, encontrei um velho manuscrito sobre a música medieval que tanto ouvíamos outrora, muito bom por sinal. Talvez na minha viajem de volta o leve escondido entre minhas vestes. Outras coisas destaco neste local, como por exemplo as pessoas confusas que não entendem nada das minhas roupas, nem das músicas que sempre ouço no inicio da manhã. 

Tem muitas coisas que poderia dizer, só que agora gostaria de te perguntar coisas também. Como está a vida por aí? E o clima? Bem frio, suponho. Alguma banda nova? E as tendências da moda?

É tanto a sabermos um do outro, e nós separados por um grande oceano, que por sinal não é feito de água, e sim de desilusões. Aqui é bom, ver os velhinhos nas praças, e compor alguns poemas ao pôr do sol. Aqui tem flores em quase todas as ruas, aquelas silvestre, que você sabe que eu gosto. As vezes eu paro para colher algumas flores, coloco-as no vaso, presente do meu pai. É o que tenho feito por aqui. Ah... também saio algumas noites para ouvir uma banda que toca em um bar no fim da rua, é uma música calma e eles tocam bem, talvez um dia você queira conhecê-los.
Acho que volto no fim de julho, quando as flores daqui secarem, o inverno sem você é gélido demais. Encomende algumas frutas da época para quando eu voltar, alguns pêssegos e figos se puder. Levarei presentes para você, uma flauta e também algumas bolas de gude para completar a sua coleção.

Me despeço por agora, e aguardo a resposta dos meus questionamentos.
Um beijo.

Ps: A saudade das suas mãos nos meus ouvidos só aumenta.


Tainná Vieira

sábado, 18 de junho de 2011

Adieu mon amour



Cansei de falar de amor. O amor acaba com meus poemas e tudo resume-se a ele.
Estou de mau com você mon amour. De mau com o perfume das suas mãos.
Talvez hoje eu saia para dançar, já que para você isto é indiferente.
Mas depois não venha pedir meu cheiro emprestado, nem largue sua mochila velha no chão da minha sala.
Não me peça o vinho e a massagem nos seus ombros, não me peça o olhar de paixão.
O mundo criado por nós, a partir de hoje despedaça-se. A partir de hoje largo mão de você, e não está doendo meu coração. Nenhum punhal está cortando-me por dentro, nem lágrima nos meus olhos.
Ouço por agora uma música boa, que nada me lembra seu corpo, seu desejo de mim.
É grande demais este mundo mon amour, e talvez, mas só talvez, voltemo-nos a nos encontrar.
Você com seu cão e eu com minha bicicleta violeta, numa praça qualquer.
Então contaremos um ao outro, dos nossos novos casos de amor, e vamos rir juntos de tudo que passamos.
Enquanto este dia não chega lhe deixo apenas um beijo de adeus. EU TE AMO.


Tainná Vieira

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O que fica por dizer


Eu que tinha tantas coisas para falar por estes dias.
Me resumo a simples recordações, calada com os botões do mu vestido.
Eu que gostaria de relatar os fatos ocorridos na minha viajem, as noites naquela cidade fria, resumo a fotografias estes acontecimentos. Resumo a letras de músicas os resultados destas noites.
Tenho muito a falar por aqui, por isso vou resumir tudo em simples palavras, sem rimas ou versos.
Eu fiquei por você, só por causa do seu abraço, só porque você sorriu pra mim.
Eu mesmo já não aguento mais falar desse amor, está ele atormentando os meus versos, já não aguento.
Mas vou lhe esperar meu querido rapaz, acho que o meu lugar deve ser do seu lado, talvez não seja. Mas eu vou te esperar, talvez até ame você.


Tainná Vieira

sábado, 4 de junho de 2011

Flor silvestre do meu sertão


Trago novidades, de um barco onde velejei.
Trago as paisagens mais belas, as fotografia mais coloridas, trago o sorriso das pessoas... os fingidos e os realmente felizes. Em minha bagagem, roupas sujas e lembranças, geralmente artesanatos ou flores novas.
É dentro do meu coração que trago o olhar dos carentes sertanejos, as casas de taipa e os animais de estimação. E dentro do meu coração carrego um pouco da dor e da solidão destes sertões, assim como toda a vicissitude contraditória destes locais. Pela janela do ônibus avisto um pouco mais que a vegetação esparsa, avisto a vida que ali se esconde, a terra alaranjada, os frutos selvagens e tão doces... avisto um pouco mais ainda, um amor perdido entre as flores amarelas. Pequena flor que cresce ali, eu a vi.