sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Indigente



Vou sair, quero sair, preciso sair
por favor me deixem sair...

Que já cansei dessa hipocresia que andam espalhando por ai.
Deixem-me só que eu sei cuidar de mim.
Só mesmo, nada tenho pra ter medo de perder.

Trancaram as portas e jogaram as chaves, para eu não poder sair.
Esqueceram também de abrir suas mentes.
Esqueceram de desligar a televisão.

Não escutaram as vozes da dor e da fome,
não viram se quer as bombas de amor, que em meio ao caos
tentavam desabrochar.

Pobre de vocês que não me deixam sair
terão de ouvir as verdades que eu tenho a falar,
enquanto me predem aqui.

Só peço que ao se cansarem de mim...
Não larguem-me por ai, dormindo em qualquer lugar.
Porque assim ninguém vai notar, e
eu vou morrer como indigente, e ninguem mais uma vez,
vai escutar meus gritos de dor e de fome.

Pois estarão ocupados, em frente a TV de plasma.
Enquanto do lado de fora...
eu morro lentamente.


Tainna Vieira


“… É fácil assumir uma posição a respeito de alguma coisa quando não há risco nenhum. É fácil dar esmola prá um pobre se você guarda o resto do dinheiro prá você. É fácil tomar posição contra a guerra, desde que ninguém peça que você se sacrifique…” (Anos incríveis)