sábado, 5 de fevereiro de 2011

Não sou eu.



Entendê-la é mais fácil que muitos pensam.
Mas sempre nos quadros a pintam chata e complicada, apesar de bela.
Seus atos são sempre comedidos, mas parecem ser tão espontâneos.
A pintam sempre com o mesmo olhar sério, mas as vezes esse olhar brilha tão intensamente, pena ninguém ver.
E fazem-se os planos para o seu futuro, diz-se o que ela será, nem ela sabe meu Deus.
Porque pinta-la sempre com um só vestido, ela tem um florido também.
E quando escrevem sobre ela, são poemas tristes, sem vida ou brilho.
Ela é tão simples, porque simplesmente não aceitam as suas esquisitices, ela tão simples.
Porque a chamam de depressiva, porque a pintam chorando.
Ela não chora.
Porque não a pintam dormindo, em sua maior sinceridade.
Chorando ela não fica bonita e estraga seu rosto pintado.
Porque não pintar seu sorriso, o corar das suas bochechas.
A querem tão perto e tão longe, a querem?
Entendê-la é fácil demais. 
O que dificulta é ela não se abrir pra ninguém, não contar seus segredos.
Não ligar para os outros, não olhar para trás, não dar uma chance.
Isso dificulta tanto o seu entendimento.
Mas deixem que talvez ela muda, talvez ela continue assim (o que é mais provável).
Parem de pintar essa menina, vocês nem a conhecem e já tem tantas suposições de quem ela 
verdadeiramente é.
Se não conseguem entendê-la, deixem-a assim, desse jeito está bem.
Ela na dela, quieta.
Mas aviso desde de já, faça o que quiser. 
Ela não liga.

Tainná Vieira