sábado, 12 de março de 2011

Dos sonhadores a maior


Dos bosques, as flores mais vivas guardei.
Guardei a chuva que caia na tardinha, o sabor silvestre das madressilvas.
Aproveitei para guardar o calor da terra virgem, um pouco de vento quente.
Impossível é para mim, decifrar tudo isso, as coisas que eu guardo dos sonhos que eu tenho.
Ser criança em um dia, no outro anciã. É difícil mas passo dias e noites pensando nos sonhos.
Ser vida agora e morte ao mesmo tempo, que é simples viver assim.
A gente segue esse ritmo de sonho, e a vida?
E viver é só de ilusão?
Acho que é hora de acordar, que a vida passa num ir e vir de vento,
tão perto e tão mais perto de mim.
Por isso transformo, mudo, reinvento e acelero meus sonhos, o que para muitos é impossível.
Quando é assim é tão diferente, tão bom está comigo, tão ruim ao mesmo tempo.
E nesse misto de sensações, vou no passo da cantoria dos cantores que não sabem cantar.
Vou recitando meus próprios poemas sem rimas, cantando as vezes os versos dos outros.
E os sonhos? Eu deixo eles a sós, e vou no ritmo da chuva que cai na tardinha, e colho as madressilvas, rego a terra virgem, sopro o vento quente. E na mesma hora criança-anciã.
Sou a típica sonhante, das noites em claro.


Tainná Vieira