terça-feira, 30 de novembro de 2010

Pé na estrada, sem violão.




Dos lugares que passei
trouxe apenas o cheiro das flores silvestres.
Trouxe a solidão dos que pareciam mais aflitos.
E as dores dos meus amores.

Nas árvores, as frutas amarelas
no chão um lindo tapete de frutas.
Desses lugares eu trouxe também
algumas frutas.

No horizonte, a sombra
das crianças não vingadas.
E os rios sem águas cristalinas
os rios de pedras,
que parecem ser tão belos.
Trouxe a ternura de um lugar hospitaleiro.
Trouxe a ressaca de uma noite mal dormida.
E a madrugada que passei rindo, com os meus.
Trouxe a saudade de lá.

Na minha volta guardei em mim.
Os sabores, os cheiros,
as lágrimas de uma solene despedida.
A música, que eu sempre ouvia baixinho.

Trouxe a lembrança, dos humildes que conheci.
Trouxe comigo até o que eu não queria.
A realidade, de não ter como ficar.
Deixei pra trás... pra nunca mais voltar a ver.
Meu coração.
Tainná Vieira


terça-feira, 23 de novembro de 2010

O muito que nada me diz!



Por muito tempo olhei a vida com um ar de superioridade.
Achando saber manobrá-la, dominar as suas peripécias.
E lá vem ela, verdejante-rubra.
Lá vem ela me dizer que nada sou.

Foi-se embora a minha superioridade,
meu ar de desprezo nas tardes tristes.
Me jogou, me fez dela prisioneira...
Esta vida, que sem pensar escolhi ter.

Noites perdidas,
que passo em claro pra tentar adiantar a vida.
Como se me pudesse planejar.
Sem saber que depois ela vem, pra me dar uma rasteira.

Falo geralmente da vida.
Passando por cima das coisas simples.
Falo do amor, da dor, das grandes alegrias.
Mas esqueço as flores silvestre, falo somente das rosas.

Daí vem ela , magestosa!
Somente pra me mostrar que o importante
é o pouco.
Que o pouco é quem liga a vida,
nos minimissímos detalhes.

Aprendi amar o pouco,
que se transforma no muito
quando a gente dar valor.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Quase separação





Encontrei no teu silencio meu companheiro perfeito.
Entra e senta aqui comigo, sente um pouco este silêncio.
Que é paz, ou solidão.
Mas o que eu quero dizer ele não pode escutar.

Sai daqui de manhazinha e deixa limpo meu sofá.
Teu silêncio me acalmava.
Hoje me machuca tanto.
Teu silêncio meu ex-guia meu atual namorado.

Tanto ardor nessa tardinha
Neste céu avermelhado, que chega a doer na alma.
Este silêncio sagrado.
À noitinha você chega sem dizer uma palavra,
O jantar não está bom? Está boa a companhia?

_ Isto não são respostas para agora!

É o som que sai da boca do meu marido-amante
Meu eterno namorado.
E ao deleitar seu silêncio
Acho todas as respostas, acho todos os lugares.
Aonde ele queria estar.

O vento frio da noite traz consigo outro silêncio
Ele vem me abraçar.
Meu agasalho perfeito.
Agora o silêncio é caminho.
Estrada pra um recomeço.



Tainná Vieira

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Entre as bijouterias.




E na bagunça do meu quarto, eu bagunçei minha vida.
Entre discos, entre livros, estava ela por lá.
Nos meus frascos de perfumes, no quilos de maquiagem, parecia tão pedirda.
Que vida tão frágil é esta que se perde entre lençóis?

E tento achar um momento, para arrumar o meu quarto.
Nos meus minímos detalhes, vasculhando cada canto, desta humilde confusão.
Cartas velhas, roupas velhas, cheiros de antigos amores.
Descartar estes pertences, que não me pertencem mais.

Tirar daqui estes cheiros, estas caixas de lembranças
Estes jogos de crianças, e os meus livros de romance.
Jogar fora os meus retratos, minhas fitas de cetim.
Jogar fora essa saudade, e essa mágoa incumbida.
E perder-me a cada instante nesta confusão sagrada.

E a vida é o reflexo do meu quarto.
Uma doce confusão,com  uma música alegre de fundo.
Naquelas bijouterias de plástico velho e sem brilho...
Naqueles velhos brinquedos de cima da minha cama.
Minha vida, minha lida... perdida nesta bagunça.


Tainná Vieira