domingo, 30 de janeiro de 2011

Meu pedaço de janeiro.



As tardes...
Os sóis.
A noite preenchida de você.
A vida tornando-se mais incrível.

As manhãs...
A sua arte de cozinhar,
Os cochilos na rede.
A simplicidade da vida.

Os dias...
As choradeiras-risadas.
A nossa ausência desse mundo.
O tempo que passou mas rápido que o vento!


Tainná Vieira

sábado, 22 de janeiro de 2011

Casulo




Ando afastada dos meus. Tranquei-me ontem a noite, numa casca frágil, mas aparentemente resistente.
Tranquei-me sozinha, porque não quis que ninguém viesse conversar. Não quero conversar.
Não leio mais os Anúncios dos jornais, nem vejo os programas de música.
Tranquei a porta, e deixei a chave em cima da mesinha do computador.
Está lá, pra quando eu quiser sair.
Impressiono-me corriqueiramente com meu sarcasmo e com a minha vontade de rir.
Impressiono-me mais ainda por não fazê-lo espontâneamente.
Só sei que daqui da cama, eu vejo o balanço das silhuetas.
Daqui da cama vejo o brilho dos olhares perdidos de alegria.
E sinto-me tão bem, por participar desta dança.
Apeguei-me a estas coisas.
Alguém bate a porta do quarto.
Mas não vou abrir, olho lá em cima a minha chave. Mas não quero abrir.
Apeguei-me a um bom livro, a olhar o telhado, a desarrumar as roupas.
Apeguei-me aos perfumes.
Insistem em atrapalhar minha calma, batem e o barulho das batidas na porta me irrita.
Na verdade só querem conversar. Já disse que não quero.
Apeguei-me a falar sozinha, a um bom chá, a escrever poesias.
Apeguei-me a mim, desse jeito que sou.
Gostaria de pedir para que parassem de bater a minha porta.
O barulho me impede de ouvir a música da tardinha,
A musica da Ave-Maria e as crianças pedindo bençãos.
É meu tempo, eu uso assim.
Depois se quiser sou livre e vôo.


Tainná Vieira

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Palavra-palavra.





Palavra-tempo.
Palavra-saudade.
Palavra dos meus sonhos acordada.
Palavra-grito.

Palavra-infame
Mal falada.
Palavra-mentira.
Palavra-pedrada.

Palavra que fala sem dizer.
Palavra-olhar.
Palavra que mais parece inventada.
Palavra-mentira.
Palavra-negada.

Palavra que eu não queria contar.
Palavra-som.
Que gira o mundo, que muda o tom.
Palavra-mentira.
Mal dita palavra.

Palavra-palavra
Sino que toca lá longe.
Palavra-sozinha.
Conforto e palavra.
E sem ter testemunha,
Palavra-mentira.

 Mentira-verdade.
 Quem vai escolher?
 Palavra é moldada.
 Palavra no tempo perdida.
 É palavra-esquecimento.
 E esquecida é palavra sem prova.
 Palavra-mentira.







Tainná Vieira


 

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Vinte




Passados vinte anos, sou quem sou.
Nem rica, nem pobre, nem bela, nem feia.
Sou assim desse jeito que aprendi a ser.
Conquistei em duas décadas, alguns amigos.
Alguns pertences, alguns amores.
Nesse tempo, também perdi,
Pertences e amigos-amores.

Passados vinte anos, amei, sorri,
E por muitas e muitas vezes chorei
Fui quem fui apesar de não agradar quem quis.
Aprendi tanta coisa nessa vida,
E tenho ainda tanto a aprender.

Fui e sou feliz.
Fui e sou tristonha.
Fui e sou amiga
Fui e sou malvada
Fui e sou minha
Fui e sou tão mundana.

Passado os vinte anos
Tenho tanto pra vencer
Tantas derrotas
Luta sem fim.

Tainná Vieira