domingo, 10 de outubro de 2010

Dispropósito!




Hoje eu ainda não fechei os olhos.
Ainda assim, não vejo nada do que queria ver.
Vejo apenas o que eu não li, sinto só o que eu já senti, ando apenas o que eu nunca andei, corro apenas onde eu já passei, choro as lágrimas que eu sempre senti.
Hoje eu ainda não abri a boca.
Ouço apenas o que sei cantar, sonho só o que não sei falar, olho o mar e não explico a cor, piso a terra e não explico o cheiro.
Tem alguém que eu não sei quem é.
Olho alguém não sei se alguém me quer.
Sinto alguém que tem cheiro e tem cor, e esse alguém pode ser meu amor. Meu amor? alguém quer me dizer quem é?
Hoje eu ainda não tapei os ouvidos.
E falo apenas o que não vou contar, e sento só onde não tem lugar. E onde o vazio sabe me enxergar...
Paro e penso. Tento e espero. Olho e saio. Corro e vaio. Fujo e volto. Sonho e solto... o sonho que eu quis ser.
Um tom de cinza, um tom de mar e um furta-cor... e aquele alguém que se dizia meu amor? Nem é amor, nem paixão, nem é calor. Nem atração, nem solução... apenas dor.
Hoje eu ainda não mexi as pernas.
Mas andei tanto, mas corri tanto que estou cansada.
Caminho sã, corrida vã ... e o fim da estrada?
Está tão longe de chegar!



Tainná Vieira

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