As paredes são cinza, e do lado esquerdo há um quadro , e no quadro um barquinho!
No chão duas grandes almofadas, e muitas sandálias espalhadas.
No coração um instante fugaz, de ser vida enquanto é tempo.
Ele diz gostar do seu jeito, das músicas que ela canta sem ter feito, sem ter tom.
Ele diz que no cinza há um brilho, de leve e cintilante.
Ela quer cantar bem pra agradar, já agrada sem saber!
Na cama, restos de seda e dois travesseiros, um seu, outro dele.
Nos lençóis seus perfumes, que vão pouco a pouco misturando-se.
Ele diz que gosta do seu jeito, das conversas sobre música francesa.
Ele pede pra ela contar histórias, ainda que não queira dormir.
Ela conta.
No teto, um telhado branco.
Onde as vezes ela para a olhar, ver o branco, e entre as brechas o azul do céu.
Num só, os dois são um.
Ele com suas manias, ela sempre racional.
Ele com poemas mal recitados, ela desafinada ao cantar.
E num só, são um, os dois. Cada qual no seu lugar do quarto.
Na parede dela um quadro com barquinho pintado ao centro.
Na parede dele, a foto dela.
E apenas em um são os dois, um só!
E enquanto ela canta, ele dança do seu lado!